Comunidade
Poucas palavras têm um significado tão amplo como o verbete comunidade. Originada da palavra latina “comunus”, onde o sufixo munus significa “tarefa, dívida e presente de um grupo de indivíduos”, comunidade pode designar um grupo específico de pessoas ou um lugar espacialmente ocupado por um grupo social. Ela pode ser um bairro, uma escola, uma comunidade tradicional como uma comunidade indígena ou quilombola, uma cidade, um país ou até mesmo uma comunidade internacional de pessoas unidas em prol de um objetivo em comum.
Seja ela qual for, a comunidade produz conhecimentos: saberes de socialização, gestão comunitária e diálogos entre equipamentos como escola, postos de saúde, espaços de cultura, universidades e empresas são alguns exemplos. Existem ainda saberes que se originam de uma memória coletiva e comunitária do território, como festas tradicionais, modos de produzir algum prato típico ou artesanato, linguagem, entre outros.
Nesse sentido, os projetos STEM (acrônimo em inglês para Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática) podem ser pensados para beneficiar uma comunidade. Por isso, a definição do público-alvo é uma das etapas iniciais da Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL) e, também, uma das mais importantes pois ajuda a estabelecer que comunidade será impactada pelo projeto. Uma solução ou protótipo visa apoiar um determinado grupo de pessoas, estejam elas localizadas no território, frequentadores de um equipamento (uma escola, um posto de saúde, um museu) ou dentro de um espectro social.
Na identificação de um problema, a comunidade é uma fonte valiosa. Protótipos que são desenvolvidos a partir de entrevistas com pessoas afetadas diretamente pelo problema, têm mais chance de promover uma solução efetiva. A comunidade volta a aparecer nos testes do protótipo, porque ajuda a validar a eficácia de soluções físicas ou representacionais. Nessa parte, é necessária uma condução ética da etapa de testes, garantindo a transparência em todo o processo.
Se bem construídos, projetos STEM podem também ser uma ferramenta de estreitamento de laços comunitários. Por exemplo, estudantes podem convidar moradores de um bairro para assembleias sobre um problema ou, ainda, para participar dos testes dos protótipos, principalmente quando são ferramentas para gestão de espaços coletivos, como praças, ou serviços que precisam de interesse e envolvimento da sociedade civil, como reciclagem e coleta seletiva. Projetos STEM podem também fortalecer a própria comunidade escolar. Professores, outros profissionais e estudantes de turmas diferentes ativam espaços coletivos da escola na ideação, criação e testagem de protótipos.