A escolha de carreira e do curso universitário quando você é adolescente pode ser um grande desafio. Você ainda está se descobrindo e pode não saber tanto sobre o mercado de trabalho ou sobre o currículo de cada carreira. Muitos jovens enfrentam a pressão de tomar uma decisão para o seu futuro, sem ainda terem clareza sobre as suas paixões e capacidades. Três estudantes da Colômbia perceberam que seus colegas que já estavam concluindo o ensino médio estavam passando por esse dilema, enfrentando a ansiedade como consequência. Então, eles pensaram: e se usássemos nosso conhecimento de programação para ajudá-los de alguma forma nesse processo?
Foi com essa pesquisa que nasceu “Futurequest: Descubre, Decide, Triunfa”, vencedor do “Solve for Tomorrow” no país, em 2023. O projeto de STEM propõe um aplicativo que realiza uma prova vocacional não só para indicar quais carreiras melhor se adaptam ao perfil do aluno, mas também informa onde você pode estudá-los na Colômbia.
Os estudantes participantes tinham 15 anos e frequentavam o 9º ano do ensino secundário (penúltimo ano da escolaridade obrigatória) da Instituição Educacional El Castillo. Eles foram acompanhados pelo professor mediador Elliot Amaya que leciona Tecnologia da Computação e trabalha com programação e pensamento computacional desde a pré-escola. “Começo a trabalhar com eles em Design Thinking e fazemos exercícios para chegar a propostas de projetos. Reviso até avaliar que agora eles podem se inscrever em editais como o do Solve for Tomorrow”, conta. Os estudantes também aprendem sobre Metodologia de Pesquisa, por isso estão mais acostumados com a aprendizagem baseada em projetos.
Identificando problemas na própria escola
Durante as aulas, num exercício de empatia, os jovens observaram que os estudantes do 11º ano (último ano da escolaridade obrigatória) tinham dificuldade na escolha da carreira e em decidir o que iriam estudar na universidade. “Eles perceberam que muito poucos alunos tinham clareza sobre o que iriam fazer depois de terminarem o ensino médio e isso lhes causava sintomas de ansiedade”, relata Amaya.
Como possuem bases de programação, pensaram em criar um aplicativo para ajudar na decisão. “Primeiro, a ferramenta faz um diagnóstico das preferências do aluno e depois faz sugestões de carreira com base nisso”, descreve. Entre as perguntas que faz, estão: “Existe algum tema específico pelo qual você é apaixonado ou sobre o qual gostaria de aprender mais” e “Qual atividade você mais gosta no seu tempo livre”.
Além disso, o aplicativo se diferencia dos testes gerais disponíveis na internet de escolha da carreira, porque já mostra quais universidades da Colômbia possuem os cursos recomendados e informa se são públicos ou privados e quais oferecem bolsas de estudo. “É um diagnóstico muito mais personalizado em relação aos demais e o aluno consegue ter uma base mais sólida para decidir”, avalia o professor.
Para se inscrever no Solve for Tomorrow, só era possível enviar uma redação com a proposta, sem imagens ou vídeos. Então, eles tiveram que traduzir a ideia em texto. “Quando eles têm que contar uma história, eu trabalho muito com o Storyboard, em que se narra a ideia por meio de imagens. Isso os ajudou muito a organizar as ideias antes de escrever”, completa o educador.
Passo a passo para criação do aplicativo
Aperfeiçoado o plano, era necessário ter um banco de dados das carreiras disponíveis no país. Manualmente, os estudantes listaram todas as opções de universidades públicas e privadas da Colômbia. “Compilar as informações necessárias é a parte mais complicada do projeto, porque é preciso mantê-las atualizadas”, afirma o professor.
Depois, tiveram que escolher as perguntas a serem feitas aos alunos. Para isso, contaram com a ajuda do departamento de orientação psicológica da escola. “Lembro que quando eu estava no ensino médio tinha uma disciplina chamada orientação profissional e agora não existe. Mas com o departamento escolar conseguiram entender como funciona essa diretriz e qual a melhor forma de adaptá-la no aplicativo”, enfatiza.
No início, os alunos estavam muito receosos em fazer mudanças, mas aprenderam que é importante fazer e não deixar as coisas como estavam no início. É importante tentar maneiras diferentes e na programação a técnica de tentativa e erro é sempre utilizada, finaliza o educador.
A equipe tem como objetivo levar o projeto até o produto
O protótipo funciona como uma simulação de como seria o aplicativo. Todo o desenvolvimento foi feito com ferramentas gratuitas disponíveis online. Para o design, utilizaram a plataforma Canva. Eles também usaram o MIT App Inventor para criar aplicativos que podem ser integrados a telefones Android ou iOS.
O modelo foi testado com alunos do 11º ano e com recém-formados. “Eles gostaram muito e deram sugestões do que poderia ser melhorado, como a interação com algumas opções”, lembra o professor.
Após o resultado do Solve for Tomorrow de 2023, o educador percebeu que mais professores e alunos se motivaram a propor projetos para esse tipo de iniciativa. Em 2024, diversas equipes participaram. Além disso, segundo Amaya, a equipe do Futurequest pretende continuar trabalhando com o protótipo até chegar ao resultado: um aplicativo pronto para uso.