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Colômbia
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#Meioambiente

Estudantes colombianos implementam tetos verdes como solução para o calor no ambiente

Apoiados por docente da escola, o grupo desenvolveu uma proposta única, de baixo custo e sustentável que pode ser replicada em diferentes contextos

Professor(a)

Foto de Hernán Alvarado
Hernán Alvarado

Escolas

Colégio Carlos Restrepo Araujo
Bosconia, Cesar, Colômbia

Nome do projeto

CoolRoof

Áreas STEM

Ciências, Engenharia

Altas temperaturas nas salas de aula. Esse é um problema que afeta cotidianamente milhões de estudantes e professores que vivem em regiões tropicais do globo, influenciando, inclusive, a forma como aprendem e se engajam com os estudos. E foi justamente essa questão que mobilizou três estudantes e um professor do Colégio Carlos Restrepo Araujo, localizado em Bosconia, na Colômbia, a pensar formas simples e econômicas para refrescar o ambiente.

Observando como a sensação térmica era significativamente menor embaixo das árvores, o grupo desenvolveu uma metodologia e equipamentos acessíveis para instalação de tetos verdes no prédio da instituição. As plantas escolhidas criam uma espécie de capa isolante, diminuindo a incidência de calor e refrescando o ambiente – exatamente como a sombra de uma árvore.

“No começo, naturalmente, surgiram ideias mirabolantes, muito custosas ou que geravam problemas secundários como a instalação de ar-condicionado que, além de financeiramente inviável, gera problemas ambientais diretos”, analisa o professor Hernán Alvarado, que coordenou a equipe de estudantes.

Quando os jovens observaram na prática o bem-estar gerado pelas sombras das árvores, começaram de fato a pensar em outras possibilidades de ação. Foi aí que o grupo iniciou um trabalho intenso de pesquisas, buscando referências de como construir – sem grandes investimentos financeiros – a proposta dos tetos verdes. “Mas aí surgiram os problemas. Primeiramente, os tetos verdes são comuns na Europa, onde normalmente se aplica a tecnologia por preocupações ambientais e não necessariamente como estratégia para baixar as temperaturas. E em segundo lugar: os tetos padrões das escolas na região são lâminas metálicas inclinadas. Como faríamos para plantar as árvores? Como garantir a impermeabilização? Qual o peso máximo que poderia ter a estrutura?”, narra o professor, destacando a importância do processo de investigação das múltiplas questões que compõem um desafio. Ele explica que mais de 70% dos edifícios na região têm tetos como o da escola, que, embora menos custosos, aumentam a temperatura ambiente e a sensação de calor.

Design Thinking a 40ºC: ideias para solucionar questões climáticas

Com base no Design Thinking, o professor foi trabalhando com a turma cada uma das questões, e a partir da investigação e levantamento de ideias e possibilidades, começaram a prototipar a solução. Como resposta inicial, decidiram colocar as plantas em vasinhos que pudessem ser encaixados em estruturas e aí transpostos aos telhados. Foram vários desenhos até chegar na solução para os viveiros como gavetas que pudessem ser encaixadas em trilhos, simulando blocos de montar. 

O protótipo foi instalado para teste em distâncias de 1m de altura. A partir dos testes, foi possível aferir que a tecnologia desenvolvida pelos jovens abaixa até 8ºC a temperatura ambiente, concretizando-se como solução de fato viável não apenas para escolas, mas para residências e outras edificações. 

Contudo, como as temperaturas da região são muito altas, a evaporação da água é muito rápida, dificultando a solução das regas. Assim, foi desenvolvido um aprimoramento ao protótipo, adicionando à estrutura um compartimento para armazenagem tanto de rega quanto de água da chuva. 

Para chegar ao protótipo final, o grupo acionou diferentes especialistas, além de intensa pesquisa de referências em sites científicos e materiais especializados na temática. O desenho gráfico do protótipo foi feito com o apoio do próprio professor, nas atividades de informática, enquanto a professora de biologia e o professor de física apoiaram com a escolha das plantas, formas de mensuração das temperaturas, e definição das estratégias para lidar com a evaporação da água. “Foi de fato um trabalho que mobilizou os estudantes de forma ímpar, e que envolveu diferentes segmentos e pessoas da escola”, argumenta Hernán. Com o apoio da mentoria do Samsung Solve for Tomorrow, o grupo conseguiu avançar e compreender as diferentes etapas do Design Thinking. “Eles nos apoiaram muito nas iterações, a compreender como de fato poderíamos melhorar o protótipo e tornar nossa solução uma proposta replicável”, justifica o docente.

Telhado verde CoolRoof: funcionamento

A solução recebeu o nome CoolRoof, em um jogo de palavras: cool, em inglês, quer dizer tanto “fresco” quanto “legal” e roof significa teto ou telhado. Sua estrutura final consiste em dois trilhos que conectam estruturas retangulares plásticas de dois níveis. No nível inferior coleta-se a água da chuva, e o segundo recebe as plantas. Por ser uma estrutura de encaixe, é possível trocar os containers e vasos de plantas individualmente, repondo ou ajustando as padronagens conforme a necessidade ou configuração dos telhados.

Na iniciativa, foi utilizada a planta popularmente conhecida como chorrito, uma trepadeira que é típica da região e que tem boa resposta como isolante térmico. Por ser uma trepadeira, cresce rapidamente e ocupa espaços com maior facilidade. 

CoolRoof: telhado verde como projeto de continuidade

A proposta, embora testada apenas em escala inicial, chamou atenção das autoridades locais. Com a visibilidade da participação no programa Samsung Solve for Tomorrow, os jovens conseguiram apresentar o projeto à Prefeitura da cidade que está interessada em testar e replicar a proposta em instituições escolares e outros equipamentos públicos da região.

O protótipo também foi apresentado ao Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA), instituição pública colombiana de formação profissional, técnica e empreendedora vinculada ao Ministério do Trabalho do país que demonstrou grande interesse em apoiar o grupo a dar sequência às testagens e escalabilidade da solução. A ideia é incubar a iniciativa no Tecnoparque da região, qualificando tanto o protótipo quanto a forma de gestão do projeto.

Múltiplos ganhos: aprendizagem baseada em projetos 

Para além do interesse na continuidade do projeto – que para os estudantes e professor é a maior vitória -, o docente celebra o trabalho com a abordagem STEM e Aprendizagem Baseada em Projetos. Para ele, os avanços do grupo foram visíveis e as habilidades e conhecimentos desenvolvidos certamente impactarão suas vidas no presente, como estudantes, e no futuro, como cidadãos e profissionais.

Para Hernán, embora os estudantes tenham avançado em muitos aspectos – técnicos e socioemocionais -, é preciso destacar quatro habilidades. Em primeiro lugar, o docente destaca a capacidade de gestão de tempo dos seus alunos, que tiveram que combinar as atividades escolares com as demandas do projeto. 

Como segundo ponto, o professor celebra como o grupo qualificou sua capacidade de trabalho em equipe, com cada um defendendo seus pontos de vista e ideias, mas sabendo escutar e apreciar a colaboração do colega. Em terceiro lugar, Hernán avalia que os jovens perderam o medo de errar: “aprender a sonhar, a tentar, mesmo que a resposta inicial não seja a esperada”. 

Por fim, o professor explica que ter contato com a comunidade externa, organizando o pitch, e falar em público frente a um painel de especialistas fez toda a diferença. “Hoje meus alunos se sentem confortáveis em ambientes com os quais não estavam familiarizados. Eles têm segurança! E como docente, esse é o maior ganho que eu poderia desejar”, celebra. 

Foco na prática!

Veja as orientações do professor sobre como apoiar os estudantes na criação de tetos verdes para diminuir a sensação térmica e temperatura no ambiente.

Empatia

Hernán explica que estimula que os jovens percebam e pesquisem seu entorno e seu cotidiano e reflitam sobre questões que os afetam diretamente. A ideia é partir de algo próximo, com o que tenham familiaridade e que os engajem em um processo que leva tempo e exige esforço individual e coletivo.

Definição

Para avançar na definição do problema, o docente aposta na experiência concreta que apoie os estudantes a decupar melhor a problemática. Ele indica que é comum que os jovens compreendam problemas a partir de questões muito amplas, que exigem respostas muito complexas. Para isso, Hernán recomenda vivências ou atividades práticas. No caso do CoolRoof, foi o acaso: por conta de uma falta de energia elétrica, os estudantes foram fazer as atividades da aula fora da sala, e para isso, sentaram-se debaixo de uma árvore. Naquele dia perceberam na prática como a sombra e a própria natureza diminuíam a sensação de calor.

Ideação

Seguindo a proposta de sua disciplina, o professor incentivou que os jovens fizessem desenhos e projeções digitais, colocando o que imaginavam – mesmo como esboços – em representações gráficas que pudessem auxiliar o planejamento.

Protótipo

No CoolRoof, foram vários estágios de prototipagem até alcançar o Mínimo Produto Viável (MPV). No começo, fizeram os primeiros protótipos utilizando potes plásticos de cozinha, e depois, conforme avançaram nas etapas do programa, confeccionaram peças mais adequadas ao desenho proposto.

Teste

Para Hernán, a devolutiva deve ser um processo contínuo. Conversas em grupo devem ser constantes, buscando que todos expressem como se relacionam com o que estão desenvolvendo, compartilhando suas impressões e ideias de continuidade. Testar o funcionamento do protótipo e ouvir as devolutivas da comunidade é fundamental para inclusive torná-lo uma estrutura factível e replicável no futuro próximo.

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