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#Meioambiente

Estudantes convertem resíduos de peixe em fertilizante orgânico

Conhecimento em Química e provocação nas aulas resultaram em um projeto estudantil que apresenta solução para o acúmulo de resíduos de pesca em uma cidade portuária.

Professor(a)

Foto de Sonia Elisa Castillo Salinas
Sonia Elisa Castillo Salinas

Escolas

Conalep 054

Nome do projeto

Fishtilizante

Áreas STEM

Ciências, Tecnologia

Outras áreas de conhecimento

Ciências Sociais ou Sociologia, Educação Ambiental

E se um dos componentes que mais gera lixo, sujeira e maus odores na cidade pudesse ser aproveitado? Essa foi a pergunta que norteou um grupo de estudantes mexicanos que criaram o “Fishtilizante”, um fertilizante orgânico feito a partir de restos de peixes. O produto é rico em nutrientes que auxiliam no crescimento e desenvolvimento das plantas e a inovação foi finalista do Solve for Tomorrow, no México, em 2022.

Os alunos tinham 16 e 17 anos e frequentavam o quarto semestre do ensino secundário (penúltimo ano da escolaridade obrigatória). A professora mediadora, Sonia Castillo Salinas, é da área de Química Industrial. Segundo a professora, os programas de estudo são muito marcados pela temática do empreendedorismo e os jovens têm uma disciplina chamada Controle de Produção de Processos. “Queremos que eles manipulem Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), para que trabalhem desde o produto até sua apresentação, produção de rótulos e embalagem”, afirma Salinas.

Nas aulas, os alunos foram provocados a refletir sobre os problemas do seu município. Tampico é uma cidade do estado de Tamaulipas, no México, localizada na costa do Golfo do México. É uma zona urbana, rodeada de água, tanto salgada como doce. Segundo a educadora, a movimentação portuária deixa peixes que servem de alimento para animais como as gaivotas. Mesmo assim, ficam restos. “Observamos isso e percebemos que esses resíduos, tanto de cabeça quanto de esqueleto e escamas, são ricos em fósforo e que podemos manipulá-los para dar-lhes um novo uso”, explica. Bom, eles fizeram uma pesquisa e chegaram à conclusão que era possível fazer fertilizantes orgânicos.

Com os restos de peixe, a equipe fez a compostagem, juntando as sobras de comida que trouxeram de casa, como restos de tomate ou batata, frutas e cascas de ovos. “Cada resíduo tem uma propriedade que melhora a composição. Encontramos, por exemplo, uma oportunidade na casca da laranja, que ajuda a afastar os insetos”, relata.

Melhorias ao longo do processo

Embora fosse muito nutritivo, toda a mistura exalava um forte cheiro ruim. Para resolver isso, a equipe pensou em usar a planta citronela, que tem cheiro de menta, mas é ainda mais potente. Porém, misturar aromas não foi a melhor saída. Precisavam de um componente neutralizante. “Um dos jovens trabalha aos finais de semana num comércio de frango assado. Ele notou que era gerado muito resíduo de carvão e eu disse a ele: procure que utilidade esses restos poderiam ter”, lembra a professora. Por fim, o aluno descobriu que esse material possui componentes nutrientes e inibidores de odores que poderiam ser interessantes para o “Fishtilizante”.

Além dos componentes do protótipo, um fator importante é que a região tenha temperatura amena, o que auxilia na compostagem. Mas a ideia era desenvolver um produto em pó, para facilitar seu uso e possível comercialização. Em seguida, trituraram o composto orgânico no liquidificador e secaram. “Primeiro, fizeram isso diretamente no calor do ambiente e depois aprimoramos com a estrutura de um forno”, lembra.

A criatividade nasce das necessidades. Quando há uma dificuldade, temos que olhar o problema de outra perspectiva, acredita Salinas.

Com o pó pronto, testaram sua eficácia em um manjericão que apresentava uma praga. “Ele melhorou muito e muito rápido”, lembra, orgulhosa. No final, a equipe ainda garantiu que o projeto fosse sustentável em sua embalagem, confeccionando-a em papel.

A experiência forneceu ideias e motivação para o futuro

Segundo a professora, a experiência destacou o valor da colaboração entre os jovens. Embora cada um tivesse responsabilidades específicas, a educadora incentivou-os a saberem um pouco de tudo e a ajudarem-se sempre que necessário.

Para ela, com 31 anos de docência, participar do Solve for Tomorrow foi muito motivador. “Estou muito perto de me aposentar e sinto que esta é uma boa forma de encerrar o ciclo. Agora, todos os alunos aguardam a próxima chamada do programa”, afirma.

Para o futuro, o projeto visa melhorar a composição fazendo testes específicos com o peixe guacari, também conhecido como bagre com boca de ventosa ou pleco comum. Em Tampico, assim como em muitas partes do mundo, este peixe é considerado uma espécie invasora que cria problemas no equilíbrio do ecossistema. “É predador de outras espécies muito importantes e de recifes, que hoje são patrimônio mundial”, relata.

Foco na prática!

Confira o guia da professora sobre como desenvolver um fertilizante orgânico feito a partir de restos de peixe.

Empatia

Nas aulas, os alunos foram provocados a refletir sobre os problemas do seu município. Perceberam que a circulação portuária deixa peixes que, mesmo servindo de alimento para animais como as gaivotas, deixam restos.

Definição

A equipe percebeu que esses resíduos, tanto de cabeça quanto de esqueleto e escamas, são ricos em fósforo e que poderiam manipulá-los para dar-lhes um novo uso. Depois, pesquisaram e chegaram à conclusão de que era possível fazer fertilizantes orgânicos.

Ideação

Enquanto uma aluna concentrava-se no aprofundamento da investigação científica, o outro se encarregava de obter restos de peixes e outros alimentos que traziam de casa, como restos de tomate ou batata, frutas e cascas de ovos. Juntos, descobriram as propriedades benéficas de cada elemento e fizeram a compostagem.

Protótipo

O protótipo final também contou com carvão, que o aluno trouxe do comércio de frango assado onde trabalha. A equipe descobriu que esse componente poderia neutralizar o forte odor, além de agregar outros nutrientes à fórmula. A mistura, ao final, foi seca e moída até virar pó.

Teste

Os testes foram essenciais para introduzir melhorias no protótipo e atingir as quantidades adequadas de temperatura e proporção de ingredientes. Quando o pó do “Fishtilizante” ficou pronto, testaram-no diretamente em uma planta e os resultados foram positivos.

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