Conhecido localmente como lechuguin, o aguapé ou jacinto d’água é comum no Peru e é considerado uma praga porque se prolifera muito rapidamente e causa muita dor de cabeça para a população local. Onde quer que cresça, a planta reduz a biodiversidade da flora e da fauna aquática, destrói o habitat de diversas espécies e, portanto, traz consequências para a pesca. Mas, a partir deste problema, os jovens da região de San Martín viram uma oportunidade de fabricar produtos sustentáveis: copos feitos de bioplástico (plástico derivado de fontes renováveis de biomassa) e um fertilizante natural. A inovação foi finalista da 10ª edição do Solve for Tomorrow no país.
Conhecido localmente como lechuguin, o aguapé ou jacinto d’água é comum no Peru e é considerado uma praga porque se prolifera muito rapidamente e causa muita dor de cabeça para a população local. Onde quer que cresça, a planta reduz a biodiversidade da flora e da fauna aquática, destrói o habitat de diversas espécies e, portanto, traz consequências para a pesca. Mas, a partir deste problema, os jovens da região de San Martín viram uma oportunidade de fabricar produtos sustentáveis: copos feitos de bioplástico (plástico derivado de fontes renováveis de biomassa) e um fertilizante natural. A inovação foi finalista da 10ª edição do Solve for Tomorrow no país.
Na disciplina de Desenvolvimento, é incentivada a aprendizagem baseada em projetos que tenham impacto social. Assim os alunos são divididos em grupos, de acordo com amizades e afinidades, para escolher e investigar um tema. “Lechuguines en acción” (ou “Aguapés em ação”, em português), como foi chamada a iniciativa, teve como ponto de partida os fertilizantes. Surgiram inúmeras ideias para poder desenvolver, mas não tiveram sucesso. Depois de oferecer uma série de alternativas de projetos, disseram que conheciam uma planta biorremediável, lembra o professor mediador, Kenide Sandoval, docente de Química. Isso significa que, devido às suas propriedades biológicas, o jacinto tem a capacidade de capturar resíduos (orgânicos, metálicos, lama e outros componentes) da água e assim, remediar e purificar o local onde está localizado.
Embora tenha o lado positivo já descoberto com pesquisas bibliográficas, o problema está no rápido crescimento do jacinto d’água, a ponto de perder o controle e dominar o ambiente, deixando pouco espaço e nutrientes para outras espécies. Essa situação é bem visível na comunidade, em locais como a lagoa da Isla del Amor, com aproximadamente nove hectares. Está localizada no bairro Calzada, a 20 minutos (de carro) de Moyobamba.
Com o apoio do prefeito, começaram a recolher as plantas para levá-las ao laboratório da escola, onde fizeram todos os testes. “Começaram a investigar e chegaram à conclusão de que essa planta também poderia ser usada para fazer adubos”, conta o educador. Mas, com mais pesquisas, perceberam que um melhor aproveitamento seria primeiro usar o jacinto para produzir bioplásticos e só depois desse processo fazer o adubo com os resíduos. Esta solução tecnológica começa com um procedimento bastante manual: cortar e secar as esculturas e folhas.
Na Ciência os projetos não acabam. Temos que pensar que vamos ter muitas dificuldades que nos darão alternativas de melhoria, acredita o professor.
O professor diz que para o projeto ter sucesso é preciso estimular os alunos a buscarem as respostas por conta própria: “Eu não disse a eles se uma ideia ia dar certo ou não, apenas que eles deveriam tentar”. Para Sandoval, aprender Ciências também significa um exercício de paciência e resiliência. “Meu papel é sempre motivá-los para que não percam o interesse diante das dificuldades do projeto”, declara.
Celulose vira copo e adubo
Depois de secas, as plantas são trituradas e coladas para, em seguida, aplicar hidrólise alcalina para extração da celulose; misturá-la com os ingredientes a 80ºC e por fim colocar a pasta numa forma e deixar secar. Pronto! Agora, já se tem um novo copo feito de aguapé! “Estamos utilizando esses recipientes para experimentos em laboratório”, acrescenta o educador. É possível adaptar o protótipo para diversos formatos e utilizações.
Com os resíduos do processo, agora é produzido fertilizante sustentável. Porém, surge um desafio novo e inesperado: o composto tinha um cheiro muito forte. “O grupo começou a investigar e foi utilizado ácido cítrico, que conseguiu clarear o produto, para tornar mais agradável e suavizar o cheiro”, explica o professor. Ele destaca também que o projeto pode ser melhorado, ampliado e continuado se tiverem aliados e orçamentos. “Talvez essa experiência possa servir de precedente para outras criações também”, afirma.
O professor destaca que participar do Solve for Tomorrow não foi apenas uma oportunidade de desafiar o aprendizado indo além das ideias, mas também de gerar soluções que realmente ajudem as pessoas. “Os alunos desenvolveram conhecimentos técnicos percebendo que podem fazer a diferença”, disse.